Aqui, o Natal era comer e beber. Era diferente. Foi sempre diferente. No meu tempo, estava cá o pessoal todo, havia muita gente. Havia o Natal, havias as festas, havia fogueiras. Faziam uma fogueira mesmo no largo ali da praça, no meio da povoação. Aí, era a fogueira todos os anos. Íamos à lenha buscar aqueles cepos grandes, fazia-se ali um monte e queimavam-se. Quando era aí a partir da meia-noite, era “champorriões” de aguardente com mel, era chouriços assados, era tudo! Fazia-se, umas vezes, arroz-doce, outras vezes, uns bolos... Era o que calhava. Agora, não. Vêm de Lisboa meia dúzia de pessoas, que foram os que cá estiveram. O Natal é como o dia de hoje e de amanhã. É um dia como outro qualquer. Já nem fogueiras fazem.