Azeite e tibornas

Para fazer azeite primeiro apanha-se a azeitona, vai-se levar ao lagar, depois faz-se o azeite. O lagar da Foz d'Égua já não trabalha já há anos. Agora vamos moer o azeite ali à Bobadela. Fica longe. Na Foz d'Égua levava a azeitona com caroço, ia tudo. Levei lá muito saco com azeitona. Depois ia para o pio. Fazia a galga, tocada a água, e moía. Do pio tirava a massa, e ia para as seiras. Metiam aquela madeira de cima, depois apertavam com o peso. Andavam com o peso em volta, apertavam e depois tinha o azeite. Quanto mais apertavam mais saíam para as tarefas, que é para onde vai o azeite. Tinha duas calhas, era para duas tarefas. Quando era para um dono ia para aquela, quando ia para outro dono, tapavam aqui e vinha para esta. Quando era para o mesmo dono era igual, tinha duas tarefas. Enquanto um estava a assentar estava o outro a moer. No fim de estar preparado, é que mediam o azeite para a gente trazer. Aquilo era giro.

Vi fazer muitas tibornas. A tiborna eram batatas assadas na cinza. Ah que batatas tão maciinhas, com bacalhau assado. Outras vezes era hortaliça cozida com batatas e bacalhau. A gente desfiava o bacalhau. Tirava-lhes as espinhas. Depois no fim de estar tudo desfiado, juntava a batata bem cozida e hortaliça. Mexia-se tudo. A batata toda esmigalhada, e punha-se a ferver só com azeite. Aquilo é muito bom e enfarta muito.