A minha avó sabia muitos contos. Falavam-se em lobisomens. Contavam que havia pessoas que andavam a regar de noite. Que até escondiam as luzes, para não os verem passar. Eu não sei. Eu até me assustava quando falavam nisso. Parece que fizeram as almas ao pé da represa, a seguir ao moinho, em Foz d'Égua por causa disso, dos lobisomens de Côja. Era entre os caminhos, que era para afastar os que passavam.
Também ouvia falar do João Brandão. Que também não era nada bom. Acho que o João Brandão pertencia a Midões, para os lados de Tábua. Parece-me a mim. Ouvia contar os antigos. Também havia um Oliveirão. Acho que foi esse que depois o mataram. Acho que uma vez a irmã desse, estava a encher chouriças e que disse para a irmã:
- “Destas poucas comerás!”
Que era para ele. Não as comia ela. E ela:
- “Tu é que hás-de comer poucas.”
Porque já sabia que o queriam matar. E assim foi. Ele disse aquilo para a irmã. Então ele não era boa pessoa.