Fui fazer o exame da quarta classe a Arganil. Foram dois dias. Era uma prova escrita e uma prova oral. Foi o meu pai comigo. Veio da Panasqueira para ir com a donzela. Fui a pé para a Vide. Depois em Côja no café onde agora é a farmácia, estava lá um senhor que soube que eu ia para fazer exame. Estava lá a tirar de mim coisas de História. E eu não queria responder. Diz-me a professora que também foi:
- “Então responde tu sabes, por que é que não respondes?”
Eu respondi. Mais do que uma coisa. Diz ela assim para o senhor:
- “Não vale a pena estar a procurar História. Se quiser saber História de ponta a ponta pode ficar aí com ela. Que ela diz-lhe tudo de ponta a ponta.”
No exame, na prova escrita, para mim não houve problema, mas depois apareceu-me lá um ditado muito difícil e diz a professora para o meu pai cá fora:
- “Não sei, mas de certeza que ela vai ficar mal porque o ditado é um bocado complicado.”
Foi só uma falta de acento que eu tive. Vá lá. Passei, mas de que maneira!
Na prova oral, éramos chamados ao quadro e mandavam-nos fazer contas, mandavam fazer coisas. Perguntavam História e tudo. Lá passei. Diz-me a professora:
- “Parece que ainda não estavam as perguntas feitas e já estavam as respostas dadas.”
Ai eu era uma máquina!