Não faltou comida

Era a minha avó que cozinhava, mas eu também comecei a fazer o comer muito cedo. A minha avó não podia, a minha mãe também tinha problemas, então eu comecei a cozinhar. A minha avó fazia muito feijão com arroz. Parece-me que ainda me está a saber aquele arroz. Se eu agora fizer não é tão saboroso. Ou era o apetite ou não sei. Aquele feijão com arroz... Ai era tão bom aquele feijão com carne.

Por ano, matávamos sempre dois, três porcos, depois salgava-se aquela carne porque não havia frigorífico, não havia luz. E lá se remediava, fazia-se o enchido. A minha avó arranjava lombo de porco, salgava e depois fritava. Punha numa panela com azeite, em panelas vidradas. Mais tarde já era uma panela muito grande em esmalte. Ela punha ali e depois quando era preciso tirava, e passava na frigideira. Ai aquilo era um petisco. Ainda hei-de fazer assim. Agora não é preciso, mas ainda hei-de fazer assim. A curtir uns dias que é para depois comer. Aquilo é um petisco. E é bom.