Havia pessoas que diziam, e dizem ainda hoje, que passaram muita fome. Eu, Graças a Deus, boa hora o digo que nunca passei fome. Éramos muitos, mas nunca passámos fome. Cultivávamos muita terra, e tínhamos alguma coisa que o meu pai ganhava. Eu quando mais a minha prima, que tem em Côja o Restaurante Varandas do Alva, às vezes íamos às pinhas, dos pinheiros. Íamos as duas e eu chamava-a à tarde, para o lanche e dizia para a minha avó:
- Eu levo mais um bocado de pão e queijo.
E diz a minha avó:
- “Mas depois tu não comes tudo.”
Mas não era tudo para mim. Era para dar à minha prima. Depois comíamos lá as duas. São coisas que nunca esquecem. Eu era muito amiga de dar. Ainda hoje.