O Natal era mais ou menos um dia como os outros, como outro domingo quase. Às vezes, ainda nos juntávamos aí com os outros.
Nas vésperas comíamos o bacalhau. Ao outro dia era carne de porco, outras vezes carne de rês. Quando a gente tinha um borrego, comia um borrego. Já faziam doces. Chamam a isto filhós.
Havia gente que já recebia prendas nessa altura. Uma coisinha qualquer que davam. Davam mais era para crianças, eram coisas de comer.
Na Páscoa a tradição é as amêndoas. Já me lembro primeiro das amêndoas. No dia da Páscoa, a gente vamos à missa e no fim da missa vêm dar as boas-festas pelas casas. Vêm com a Cruz às casas. Todos os anos vem aqui a Cruz a casa, ainda cá veio este ano também. O folar, a gente arranja um envelope e põe dentro o dinheiro que quer para dar para o Santíssimo, para a Igreja. Cada um põe aquilo que quer. A gente põe o nome por fora, põe em cima da mesa dentro de um pratinho e um dos que andam também com a Cruz, anda a juntar os envelopes. Primeiro nem era dinheiro que punham, não era com envelopes, não havia dinheiro. Primeiro punham uns ovos, um pão trigo e era assim. Era para o senhor prior, que era o do Piódão. Mas agora o dinheiro do folar é para a Igreja. Os mordomos da Igreja é que tomam conta do dinheiro e no fim do mês é que pagam ao senhor prior. Eles é que tomam conta da igreja. Acho que são três mordomos, penso eu.