Eu fazia vindimas. Colhia sempre à volta de 100 almudes de vinho. O almude tem 40 litros. Tinha a minha produção e ainda comprava aos armazenistas o vinho para vender também.
Fazíamos o azeite. Apanhava-se a azeitona para uma tulha grande, com o pessoal de fora. Depois fazia-se o azeite no lagar que era minha propriedade. O lagar é construído à beira da ribeira, funciona movido a água. A azeitona é moída com a água da ribeira. É espremida, na prensa, escaldada com água quente e depois sai o azeite. Íamos buscar, vendia-se algum na minha loja, outro comia-se em casa e era assim. O meu pai chegou a ter 1000 litros de azeite.
O milho cultivávamos nós também e cozia-se a broa. Era a minha mãe que fazia. Eu ajudava a meter ao forno e a tirar. Era a lenha. Havia muita lenha mas a serventia era má porque era às costa é que vinha. Cozíamos um forno de broa todas as semanas. Tínhamos que cultivar e depois apanhávamos o milho. Era quase sempre colhido pelos donos da seara. Secava-se nas eiras. Todas as casas tinham uma eira para secar milho.
Hoje pouca gente já cultiva, mas a tradição ainda é a mesma. Não desapareceu. Não é feita com tanta assiduidade, mas ainda hoje fazem.