Nasci na Covita. As casas eram as mesmas, mais ou menos, que há hoje, o que é havia muito mais gente. Agora foram-se embora para outros lados, para Lisboa, para um lado e para o outro. Foram-se porque cá não havia emprego. Não havia fábricas onde se empregarem, foram obrigados a irem para outros lados para se empregar. Agora não mora aqui ninguém. Vivemos apenas só nós os três. Eu, o meu irmão e a minha irmã. Vêm cá pessoas passar férias. Os meus irmãos vêm cá passar férias.
Às vezes, vejo pessoas que viveram aqui. E há aqui uma casa, de um senhor que também vive ali em Côja também vejo amiúde. Têm um restaurante em Côja.
Luz não havia nesse tempo. Era um candeeirozito a petróleo e uma lanternazita com azeite. A gente tínhamos que ir de noite daqui para Vide, com uma lanternazita, por aí abaixo, para irmos apanhar a camioneta às seis e meia da manhã. Ora, no pino do Inverno a camioneta ainda saía de noite da Vide. Fui eu muita vez de noite daqui para lá, com as canadianas. Não tínhamos outro transporte. Não havia estrada nenhuma. E ao fim a camioneta chegava a Vide às 11 da noite. Tínhamos que tornar a vir de Vide para cima outra vez. Daqui para a Vide demorava mais ou menos duas horas. É que são 11 quilómetros. E da Vide para cima não havia estrada nenhuma. Íamos por aí abaixo. Havia um caminho e por aí abaixo é que a gente passava.
A água tinham que ir buscar. Chamava a gente com um cântaro, à barrroca. Não havia água nenhuma de rede. Não havia fontes. A água tinha que vir toda do nascente que há na barroca.