A casa onde moravam os meus pais era esta onde vivo hoje. Era em madeira, mas as paredes estão tal e qual como eram. Já há mais de 100 anos que estão feitas as paredes. Tem três quartos e a sala. Quatro assoalhadas. Na altura a gente vivíamos todos. Também vivia a nossa avó. Éramos 11 pessoas aqui a viver nesta casa. Estávamos apertados, mas ainda havia gente mais apertada. Tinha mais um andar e a loja. Três pisos e ainda o sótão. Na loja eram coisas assim de bebidas. Vinhos, aguardentes. Bebidas unicamente. Tínhamos um caniço. Era por cima, conforme agora está. Era para pôr as castanhas. Ainda secou-se aqui muita castanha. Caíam de noite e a gente ia apanhar a castanha de manhã.
À noite, às vezes, também estudava um bocadinho. Era só, por exemplo, a petróleo, a azeite ou qualquer coisa. Havia já candeeiros a gás, mas isso já foi mais tarde. O Petromax já foi um bocadinho assim mais tarde. Primeiro a petróleo é que era a luz de uma pessoa. A gente jantava, no fim de jantar, quando as noites eram pequeninas íamos descansar para ao outro dia se levantar a tempo para ir para a escola.
Agora somos só três. Só quando, às vezes, vêm os meus irmãos de Lisboa é que a gente somos mais. Mas eles também têm casas.