Os meus pais chamavam-se José Fontinha e Maria da Assunção. Lembro-me que a minha mãe e o meu pai eram umas pessoas excelentes. Carinhosas, com muito amor pelos filhos. Embora nesse tempo, claro, havia muitas dificuldades. Eu lembro-me de muitas passagens. Lembro-me que a vida era dura e difícil. Vivia-se aqui isoladamente, sem qualquer comunicação para o exterior. O que aqui se cultivava quase não chegava para a subsistência das pessoas. A minha mãe era uma pessoa excepcional. Eu gostava muito da minha mãe e a minha mãe também gostava de mim. O meu pai também. E, então, eu sabia que a minha mãe era uma sacrificada. Às vezes, também ia ao mato, depois vinha fazer o comer para o almoço. Depois ainda tinha de ir à água, tinha de ir tratar do porco, das galinhas, etc. Aquilo era um trabalho extenuante. Ninguém imagina hoje. Olho para as fazendas: como é que aquela gente conseguia cultivar tanta coisa? Às vezes, quando nos juntámos, ainda conversámos e as senhoras lá dizem o que é que faziam, o sacrifício que faziam. É claro, ao mato iam todos da família. Mas como é que elas conseguiam dar volta a tanto trabalho?