Apesar de ser professor, passou-se um episódio comigo. Ele mandou-nos ao quadro. Era eu com os da quarta classe, por causa da tabuada. Ainda hoje me lembro como se fosse na hora. Começou pelos da quarta classe. Perguntou:
- “Seis vezes oito? Diz lá: seis vezes oito!”
Ele era assim.
- “Diz lá seis vezes oito! Tu, tu, tu.”
Era para mim. Eu disse 48. Ele, então, diz:
- “Vêem suas bestas, seus burros! Um da terceira classe sabe e vocês não sabem nada. Agora dás cinco bolos a cada um!”
Cinco bolos era uma palmada. Eu ainda não tinha pegado na palmatória, já eles estavam a chorar. Eu bati devagar, coitados. Cheguei a um primo meu, ainda foi mais devagar. Foi o último. E o gajo disse:
- “Agora vou eu te ensinar como é que se bate. Dá cá a mão!”
E eu está quieto. Não dava a mão. E ele agarrou-me a mão: era ele a puxar para lá e eu para cá, pum pum! A puxar de um lado para o outro. Mas ele, claro, tinha mais força, pôs-me a mão em cima do joelho e com a palmatória zás, zás, zás!