A luz era a candeia de azeite. Já não era a vela. No meu tempo, em que funcionou a candeia de azeite, já havia lagar, já havia azeite. A vela ou as tochas foi em tempos muito mais recuados. E então, mais tarde, veio a insuportável lamparina de petróleo. Deitava um cheirete e fazia uma poluição dentro das cozinhas. A gente chamava cozinha, mas era nas lareiras. À noite toda a gente se sentava à volta da lareira. Ali se comia, ali se passava o serão. E com aquela porcaria da lamparina a petróleo a poluir o ar puro desta região.
Para a rua era a lanterna com azeite. Tinha uma torcida de pano branco que depois metiam lá dentro. Eu ainda devo ter uma lanterna lá do artesanato. Tinha vidro por fora por causa do vento não apagar. Para ir de casa para casa era assim. Aquilo era uma escuridão que não se via nada onde pôr um pé.
Depois o lume: não havia dinheiro para fósforos. Os fumadores era com a cinza da lareira. Amassavam a cinza com o pano onde se fazia a torcida e depois punham num tubozinho por dentro com uma pedra e com o pedisco. Uma coisa fantástica. Então, os fumadores batiam no seixo. O seixo fazia faísca e acendiam aquele pano. Era assim que acendiam o cigarro. Também, já no meu tempo, havia o isqueiro a gasolina.