Fui para Lisboa. Estava lá o meu irmão. Vou trabalhar na construção civil, como servente, lá em cima dos telhados. Era com um indivíduo que só fazia reparações lá nos telhados a remodelar caleiras e a tirar e pôr telhas. Mas aquilo lá era perigoso. Estive ali pouco tempo.
Depois vou para os estaleiros da CUF, para os Estaleiros Navais do Porto de Lisboa. Mas já estavam nas mãos do grande industrial Alfredo da Silva. Esse homem foi o industrial que, se houvesse em Portugal nesse tempo industriais como ele, não havia miséria em Portugal. O homem criou um património excepcional de várias coisas, de adubos, disto, daquilo. Tinha os sabões já também. Tínhamos 20 navios para ir buscar os vários cereais a África e depois descarregar ali. Tinha, então, os descarregadores de mar e terra, que era nas Fontainhas, em Alcântara. Os navios atracavam ali no cais de Alcântara e depois o pessoal ia ali descarregar por terra. Uns para um lado, aquilo era um movimento...
Mas eu fui para o porto de Lisboa e era construção naval. Ainda me recordo quais eram os navios que estavam em construção quando eu para lá fui. Era o Álvaro Martins Homem e o João Corte-Real, dois bacalhoeiros. Estive lá um ano, até 1942. Ganhava-se pouco, aí à volta de 8 escudos. Na construção civil eram 8 escudos também que se ganhava.