A seguir eu vim para Foz d'Égua. Calhei a casar. Estive aqui um ano e voltei para Lisboa para o mesmo serviço onde estava. Parti para Lisboa para os Estaleiros Navais da CUF. Depois aquilo evoluiu muito. Eu estive 18 anos na Rocha Conde de Óbidos que era onde era os Estaleiros de Lisboa. Depois fizeram o grande estaleiro Naval da Margueira, do outro lado, em Cacilhas, e eu fui para lá para o arranque do estaleiro. Lá estive com a função de planificador, num gabinete de planeamento e controle de oficina de construção naval.
Em 1976 reformei-me com aquela remodelação que houve dos governos, disto e daquilo. Depois, com o sindicalismo, formaram-se sindicalistas e comissões de trabalhadores e depois eles é que mandaram as coisas daquele lado dos estaleiros e tudo. Nós já ganhávamos tão bem, mas ficámos sempre a perder. Houve uma reunião de trabalhadores e os patrões propuseram uns ordenados bons. Não me recordo agora quanto foi. Mas eu ganhava 7 contos e quinhentos naquela altura. A diferença que é hoje. Eu governava a família toda, a casa, com três contos e apurava o resto. Hoje, está quieto. Não conseguem. E aqueles, os esquerdas, rebentaram com aquilo tudo. Iam ali os petroleiros. Vinham do Médio Oriente, ou da América, ou da Inglaterra ou do Norte da Europa, passavam ali, em Lisboa, faziam limpezas e reparações. Era a única ocupação do Estaleiro da Amargueira. As pequenas construções continuaram a fazer em Lisboa, apesar de serem estaleiros pequenos. Então, aquilo começou a enfraquecer e tal. Houve reivindicações do pessoal, das comissões de trabalhadores e ninguém angariava com ele. Não foi à falência, porque a repressão era só na construção naval. Mas tinham de estar calados porque viviam ali sob pressão. Eu já tinha 36 anos de casa. Fiz muito mal em me reformar, mas reformei-me. Com quanto é que eu me reformei? Na altura, com 4 contos. Ganhava 7 contos e quinhentos. Foi, por isso, que eu fiquei sempre com uma reforma muito pequena. As reformas não foram actualizadas em relação a percentagens. Uma percentagem pequena para os trabalhadores e uma percentagem muito grande para os políticos. Era uma chatice.