Apanhar as azeitonas é com uma escadas. Estendem-se toldos por baixo. Às vezes, traziam um ganchito para modo de botar abaixo onde elas são mais altas. A ganchar. Aqui há, mas na minha terra não havia. Agora já lá há muito, mas naquele tempo não havia. A minha avó era daqui e estas oliveiras de volta da minha casa calharam à minha avó. E depois a minha mãe é que ficou. Quando partiram os meus tios ficaram à minha mãe, por isso é que agora são minhas.
Tratava terras. Algumas eram minhas, outras eram terra que tratávamos e depois a gente dava um tanto de azeite ao dono das oliveiras. Primeiro fartamo-nos de acartar azeitona lá para baixo. Havia aqui um lagar em baixo. Íamos a pé com sacas cheias de azeitona. Às vezes com temporal e a chover. Depois íamos lá buscar o azeite. Ali na Foz d´Égua havia um lagar na ribeira. Acartei para lá muito azeite e muita azeitona. Íamos levar, não pagávamos, dávamos um quartel aos lagareiros e tirávamos um tanto. Em cada 12 litros tiravam 1 litro dele.
Não havia azeite como este de vara. Era de vara. Este de agora, das máquinas, já não é tão bom como era aquele. Mas agora o lagar fechou. Vamos aí moer à Bobadela. Ao pé de, por exemplo, Oliveira do Hospital é que vão moer agora. Vai uma camioneta, leva daqui para Tondela. O homem que leva a azeitona ganha tanto como o homem do lagar. Agora tem que a gente pagar tudo a dinheiro. Não querem o azeite. Paga a gente tudo a dinheiro.