Antigamente faziam-se festas. Era lá acima no Chãs d'Égua. Ainda me lembro hoje o dia dos bailaricos. Eram ranchos! Ai, mas ranchos tão bonitos! Ó, ó! Aquilo é que era... Ainda o ano passado a minha mulher lá foi a um ranchito que ali veio do pé da Cerdeira. Ó rapaz, ali com umas cestazinhas à cabeça! A minha mulher, toda encantada com aquilo.
Havia missa e, ao fim de dizer a missa, eu ia também lá acima. Todos os anos há procissão. Levavam o pálio e os andores, com os santos todos, e iam lá nos caminhos “pia fora”. Até eram vários santos. O mais velho que cá está é o São João Degolado. É São João e mais santos que lá há. Depois lá iam os homens com umas opazinhas brancas. À tarde, levavam aquelas ofertazinhas, nuns cabazezinhos à cabeça, e botavam as ofertas a lanço. No Piódão assim fazem, mas aqui também faziam. Eram coisas de casa: bolos, pão-de-ló, carne assada e carne fresca também. Até filmavam aquilo. Era muito engraçado as mulheres com elas à cabeça, nuns tabuleirinhos. Ao fim botávamos a lanço e o povo, cada um que queria lançar, é que lançava. O dinheiro das ofertas era para ajuda da festa. Também havia músicas e tudo. E, à noite, eram os bailaricos. Quem me dera assim ter um pezinho como tinha naquele tempo. Gostava tanto de ver os bailaricos e aquilo tudo. Era muito bonito! Antigamente fazia-se festas bonitas. Agora já não é tanto como era antigamente.