Sou casado. Ela não era dos Moinhos. Era ali da Mourísia, lá mais longe. Eu agora lembro-me de quando a conheci. Há tanto tempo... Ah, ela ria-se tanto comigo! Bem, nem sabia que eu estava para ficar com ela. Um dia, belo dia, lá destinámos. Foi uma vez que fui à Mourísia e a minha mulher ficava em lá ter comigo. Lá veio ter, mas eu nem sei bem para o que era... Ao fim disse para o que era: comecei a falar assim de namoro e tal. Mas é que ela, primeiro, ainda virava a cara para o lado, ainda não consentia. Ao fim, coitadinha, tanta vez lá fui até que ela disse:
- “Pronto, podes seguir.”
Lá fui. A tal dia lá ia ter com ela à Mourísia. Marcava um dia e ia lá ao encontro. Mas a minha sogra, coitadinha, essa andava sempre com medo que a gente... Andava sempre a guardar-nos por um lado e por outro. Assim que se passou os seis meses, é que então entrou o namoro a sério. Ao fim fui ter com o padre a Pomares, mas não sabia também onde é que ele morava. Lá me ensinaram. Uma mulherzinha que andava a fazer o correio é que me ensinou o caminho e tudo. Eu lá fui ter com o padre e disse:
- Bem, gostava de marcar o dia, o casamento.
O padre lá me tratou dos papéis e assim seguimos o namoro.