Aprendi com o meu pai, que Deus tem, a trabalhar de ferreiro. Ele já trabalhava, mas não era tanto como eu. Ele só assim remediava coisas poucas. E eu não, também fazia de novo. Fazia os rodízios em madeira, em pedra e tudo. Fazia tudo de novo. Naquela altura, ainda trabalhava com o meu pai. Os podões era o que fazíamos mais. Eram para roçar o mato. Às vezes, o ferro a fagulhar e a gente apanhava cada fagulhadela do ferro! Não havia muitos ganhos. Eram conforme os podões. Uns eram um preço, outros eram de outro e era assim. Vendíamos tudo! Vendia-se bem vendidos, ai Jesus! Eu mais o meu pai andámos sempre pelas terras. Ainda corria aquilo tudo mais em ponto aos domingos. Levávamos cada carrego os dois! Ao fim de ir aprender mais a minha arte, abri os olhos: comecei a andar para longe a compor moinhos. Dava-me mais ganho. Era o ganho melhor que a trabalhar de ferreiro.