Às vezes, ajudava a minha mãe, coitadinha. Íamos ao mato. E ainda podia pouco, vinha ajudar também na oficina do meu pai. Ainda era novito. Tinha quase 18 anos ou nem isso. Tive sempre um corpo pequenito e mal me mexia ali para bater o ferro. Mas meu pai, sozinho, queria que eu aprendesse. Queria que a gente trabalhasse para ir vender podões para um lado e para outro. Os outros meus irmãos não se importavam daquilo, mas eu fui.
Quando me casei, ainda estive uns anos, uns três ou quatro, na Moura da Serra. Andava, com o meu sogro nos pinheiros, a fazer rolos como havia antigamente. Empilhavam-se e vendiam ao metro. Às vezes, era também na resina. Mas ao fim lá não havia onde se ganhasse dinheiro em modo. Disse para a minha mulher:
- Isto assim não me safo! Tenho que sair daí para fora.
Assim foi. A minha sogra morreu e a minha mulher, coitadinha, pensou assim:
- “Ó homem, e se formos embora?”
Mudámos para a Quinta dos Moinhos e cá estamos. Comecei-me a agarrar à minha arte nos moinhos e a andar por um lado e por outro e foi aí que comecei a realizar alguma coisinha. Depois fui trabalhar em Lisboa numa fábrica de fazer mobílias. Mas foi pouco tempo, uns dois meses ou que foi.