O casamento foi na Moura. A minha freguesia não era lá, mas depois mudaram. Eu levava uma saiinha azul às pregas e uma blusa branca. Ele, roupa preta. Aos anos... O meu filho, coitado, também daqui a pouco já está velho.
O padre fez umas cerimónias grandes lá como eles entendem. Ninguém quis ir ao casamento do meu marido. Só foi o pai dele e dois irmãos. Também não tinha mais. Foram os meus irmãos e duas tias, que eu tive. Já morreram. Foi lá uma tia daqui da banda do meu homem. Muito cantou. O meu pai a tocar, muito cantou. Era uma tia muito porreira. Dava-lhe muito quando cá vinha. As outras não quiseram vir, deixá-lo.
Houve almoço na minha casa. Carninha, arroz, tigelada e uma broa. Foi chanfana. É carne de cabra. A chanfana é cortada aos bocadinhos com temperos e põe-se no forno, com batatas cozidas à parte noutra taça.
Fiquei lá na minha terra. Arrendaram-nos uma casita e fiquei lá. Vim para cá morar já estava casada ao tempo.