A apanha do milho era assim: cortávamo-lo, púnhamos num monte, descamisávamos e acartávamos às saquitas para casa. Malhávamo-lo com uns pauzinhos para ficar menos grão no casulinho. Depois, a gente acabava de tirar. Secávamo-lo e comíamos. Eu era maluca para ir para os moinhos com as saquitas do milho às costas. Para moer e cozer a broa no forno. Os moinhos eram lá de outras pessoas. Emprestados.
- “Vá lá moer hoje, esta noite e amanhã todo o dia se quiser.”
Eu até tenho aqui um forninho. Fê-lo o meu pai, que Deus tem. Tanta broa que eu aqui pus. Punha aqui a gamelazita, amassava, aquecia o forno e punha as broas. Está aqui ainda o suporte onde eu punha a pá para se segurar.
Antes, era ao pé da fonte onde estão as rosas “pia baixo”. Era cá de todos da quinta. Às vezes, ajuntávamo-nos. Fazíamos um sinal com o dedo para se conhecer a broa. Cozíamos às duas a duas no forno. Depois o meu pai, como para cá veio, fez-me um forno para mim.
O meu filho é que pintou. Arranjou-nos a cozinhita. Fez outro forno pequenininho. Também ajudáramos. A gente levanta às sete da manhã com o pau. Assava aqui a carninha e fazia a tigelada. Primeiro, cozia a broa pela festa, depois fazia a tigelada, depois punha a carnezinha. Era tudo aqui. Era uma maravilha. Este ano já não houve festa nem no ano passado. O meu filho come aqui, por exemplo, um dia de festa e nós no outro dia de festa vamos comer a casa dele.
Este forninho, tenho muita pena... Agora lá nos põem um tachinho de comida ou dois. Chega para nós. Como somos só assim...