Antigamente, não havia luz. Só agora. A gente cá era com uns candeeiritos a petróleo, mais nada.
Também não havia água. Agora há uns anos é que se arranjou para cá. Lá em baixo, à ribeira, à nascente que lá estava, é que tínhamos que a ir buscar, ao ombro, nuns cantarinhos de barro, que comprávamos nas feiras. Íamos à Vide e a Arganil. Lá há feira. Na Vide, Malhada... Ainda lá vou mais o meu filho. Trago as coisinhas para mais tempo. Uma pessoa, claro, tem de chamar táxi. Fica muito caro.
Ia lavar a roupa à ribeira, aqui em baixo. Outras lavavam ali em cima, à fonte. Também lavava no tanquezito, que o meu pai me fez. Com uma torneira a cair a água para dentro do tanque, enchia o tanque e ali é que eu lavava. Com as mãos e com sabão. Às vezes, punha-lhe um bocadinho de lixívia, um bocadinho de Omo que até a lavava melhor. Mas quando era mais nova não havia lixívia. Pois não. Era só com o sabão. Depois, punha num arame nas oliveiras.