O meu marido era de boas famílias. Era bem-educado. Lá para o lado da minha terra, estava uma senhora. Ele ia muita vez a casa dela. Já morreu aos anos aquela mulher, também. Ainda passava o Piódão muito para além para ir lavrar a minha terra. Ela conhecia-o e disse:
- “Ó Laurinda, podes aproveitar, que olha que ele é boa pessoa.”
Os meus pais não queriam, que era de muito longe. Ele era daqui. Pediu aos meus pais e eles depois lá disseram que sim. Se eu quisesse. Se eu não quisesse, pronto. A minha mãe por essa não se importava, mas o meu pai disse:
- “Ó filha, tão longe... Tão longe... Olha, faz o que quiseres!”
Chama-se Artur Castanheira. Aproveitei. Graças a Deus. Namorávamos sentados ao pé dos meus pais. Lá no outro tempo, havia muita pouca-vergonha, mas eu graças a Deus, pela minha porta... nunca passou.