O nosso casamento foi em Fátima porque era mais perto para os familiares da minha mulher. A gente cá não tínhamos donde deitar o pessoal. Então, falámos: vamos daqui para baixo, eles vêm de Lisboa, almocemos. Depois ainda tivéramos mais o azar, que tínhamos convidado o casamento para o dia 10 de Abril ou Maio. Mas o meu pai caiu, partiu uma perna e teve que ir para o hospital. Depois tivemos que adiar para Junho. Mas, pronto, lá correu tudo bem. Lá nos casáramos em Fátima e depois fomos recebidos em Ourém. Fomos lá almoçar. O meu velhote lá ia de bengala. Lá comeu e bebeu. Quem lhe dera ter a saúde que tinha nessa altura. Ainda levámos convidados. Daqui fôramos numa carrinha de nove lugares cheia. Foi só os padrinhos, primos, os irmãos dela, os meus tios também e pouco mais, porque as viagens daqui para baixo eram caras. E lá de Lisboa trouxeram umas duas ou três carrinhas.
Depois do casamento viemos para aqui, para a Quinta dos Moinhos. Tinha já aqui comprado a casa. Eu queria comprar noutro lado, mas ela disse:
- “Não, sempre fico aqui ao pé dos meus irmãos e temos aqui as fazendas...”
Lá comprei isso por cento e tal contos a um tio meu que está em Côja e assim foi. Ainda hoje o trabalho dela é na agricultura. É cultivar as batatas, o feijãozito e o renovo para a gente comer durante o ano. Enquanto ela puder, é assim.