Antigamente, no Carnaval, é que eram lixados! Esse dia era um dia santo, que não se fazia nada. Era um dia que era uma paródia. De manhã, a gente levantava-se e tal, começávamos logo a preparar para irmos até lá em cima, ao Chãs d'Égua, para a festa. Então, juntávamos e punham máscaras. Um homem, lá em cima, tinha uma máscara, parecia uma caveira. Depois os outros vestiam uns capotes, outros umas saias. Aquilo era uma palhaçada! Estávamos mascarados, mas a malta sabia mais ou menos quem era. Aquilo era uma palhaçada que andava ali. Era para nos rirmos, para passarmos o tempo.
Então, andávamos de adega para adega. Acabávamos a beber vinho por um funil! Às vezes, quando íamos a passar, molhámos também as pessoas. E, outras vezes, mandavam vinho quando eles passavam na rua para ver a gente e beber. Quando acabávamos de correr as coisas todas, íamos para a taberna, já íamos todos embeberados. Aquilo era uma paródia! Depois dançavam, faziam baile. Arranjávamos sempre petisco. Íamos arranjar chouriça ou queijo fresco. O queijo fresco era o mais fácil da gente arranjar. Íamos lá pelas portas:
- Então, não nos arranja aí um queijo fresco?
- “Pronto, levem lá!”
Então, às vezes, chamávamos aqui, botávamos ao lanço. Um botava tanto, outro botava tanto, corríamos a coisa toda. Depois, quando chegava ali, a gente queimava-o. Mas botava-lhe bastante dinheiro para cima para ele ficar ali para a gente comer. Então, botávamos um bocado de pimenta, que era para a gente beber mais vinho. Aquilo queimava que eu sei lá o quê! E salgávamos bastante! Depois acabámos até por comer cebola crua para bebermos mais vinho. E bacalhau por adoçar? Aquilo era uma máquina. Agora é que já não. Dia de Carnaval é como um dia agora da semana. Pronto, não há juventude. Mas antigamente, ui, isso era terrível!