O meu pai chamava-se António Joaquim da Pena Ventura e a minha mãe Maria das Neves Ventura.
O meu pai em solteiro foi carpinteiro. Depois casou, deixou a carpintaria e pôs uma camionagem. Com camionetas de aluguer onde alugava camionetas que iam a Coimbra todas as semanas, buscar os transportes de farinha para abastecer o concelho de Arganil. Para abastecer os padeiros com a farinha que ia buscar todas as semanas a Coimbra. Tinha duas camionetas, tinha três ou quatro empregados e ele estava no escritório a tomar conta da empresa. Nós éramos uma família de nove filhos. Morreram dois. Ficaram sete. Eu tinha um irmão mais novo. Eu era a seguir. Esse irmão já morreu fiquei eu a ser a filha mais nova.
Como era tudo gente nova o meu pai pôs, no nosso bairro que se chama Barreira em Arganil, um comércio onde vendíamos mercearia e vinho, era uma taberna. Teve muitos anos isso. Depois aumentou com mais um café. Porque tinha os filhos todos em casa empregados e à noite cada um trabalhava numa coisa ou noutra.
A minha mãe era doméstica. Era uma senhora que não sabia ler, mas que fazia uma conta mais rápida do que uma pessoa que soubesse ler e escrever. Era uma pessoa muito esperta. Uma boa cozinheira e uma boa mãe.
O meu pai tinha fazendas, mas tinha sempre pessoal de fora a quem falava e pagava para fazer a agricultura. Nós nunca fomos ligados à agricultura.
A casa onde eu nasci ainda hoje lá está. Transformada um bocadinho, mas ainda lá está a casa. Vivem lá irmãos meus, uns ao lado, outros ao pé, mas ainda se mantém tudo mais ou menos na mesma. É uma casa grande, uma casa enorme com quintal.