Quando fizeram ali os esgotos no Piódão, ainda não tinha 18 anos. Diz o encarregado das obras:
- “Bem, falta-te ainda... Ainda não és bem de 18 anos. Isto é um perigo!”
Mas depois fazia-os nesse ano, lá me meteu. Andei nos esgotos meio ano. Depois fomos para Coimbra, para o mesmo empreiteiro, trabalhar também nos esgotos.
Mais tarde, vim para aqui, para o pinhal. Foi quando houve os primeiros incêndios. Começou aqui um moço, que chamavam-no Augusto, a cortar pinhal. Fomos para ele e começou também com obras. O nosso trabalho era cortar pinhal e andar com um tractor a arrastar pinheiros. Começámos a cortar e a malta começou a vender. Depois eles deixaram-se disto e eu fiquei por aqui assim desaninhado.
Ainda andei em Coimbra também nas estradas. Andei meio ano na Construção Nogueira Seco. Então, andava lá assim um bocado desanimado, porque aquilo lá era chapa da caldeireira. Chapa lá ganhada, lá a deixava. À noite, ia para os cafés até às tantas da manhã. Chegava a casa, não me apetecia fazer o comer. Ia comer ao restaurante. E eu disse:
- Não, isto assim não pode ser!
Desisti daquilo. Foi quando o meu patrão começou aí nas obras. Vim para cá, para ele.