Para fazer os queijos primeiro ordenhava o leite às vacas, às ovelhas e às cabras. Eu até gostava muito de tirar. No fim trazia-o para casa, punha-o numa panela de alumínio ou de barro. A gente punha-lhe um bocadinho de coalho. O coalho há a vender nas farmácias, um bocadinho de pó nuns frasquinhos. Deixava estar ali três quartos de hora a coalhar. Vendo que estava toda coalhadinha a gente tinha uma bacia, punha o acincho de cima, a gente ia botando a coalhada para dentro, ia pondo assim as mãos por cima do queijo e ia espremendo o soro. E como o acincho tinha buracos, o soro saía em volta. Conforme a gente ia espremendo o leite ia saindo, e a gente acabava de fazer o queijo. Virava-o, punha-lhe um bocadinho de sal de um lado, outro bocadinho de sal do outro, e assim ficava o queijo feito. Ali deixava estar com o acincho dois a três dias, tirava-lhe o acincho, ficava o queijo direitinho para secar. Quem queria comer assim fresco comia. E quem não queria, secava.
Tínhamos muito queijo. Tínhamos duas vacas a dar leite e tínhamos duas ovelhas e cabras. Fazíamos aí muito queijo e vendíamos. Havia sempre quem comprasse. O queijo de cabra é o queijo mais caro hoje. Mas o queijo de ovelha torna-se muito mais macio. Queijo bom, maciinho, é o de ovelha. O de cabra é um bocadinho mais para o duro. O de vaca também é bom. Também é mais para o macio. Quem me dera hoje comer desse queijo que eu fazia.