O Natal era vivido com a família, uns com os outros. Comiam-se as couves com bacalhau e as batatas e as filhoses. No outro dia, era a chanfana. E era perú, arroz-doce, tigeladas. Para ser diferente. Mas não havia prendas, porque não havia dinheiro para isso.
Na Páscoa, a gente ia à missa de manhã, e vinha o senhor prior dar as boas festas de casa em casa. Vinham as pessoas com as lanternas, outro com a cruz e vinha um senhor com um cesto a tirar o folar. O folar cada um punha o que queria. Um punha um queijo, outro punha um chouriço e punha ovos. Punha o que a gente quisesse. Agora não, agora é dinheiro. A gente põe um envelope num pratinho em cima da mesa, quando vem a cruz, um tira o envelope e leva.