Na Covita não havia médicos. Quando era pequenita fui só uma vez ao médico. Foi uma queda que apanhei, apanhou ferida, teve de ser lancetado, tive de ir à Vide. A minha mãe, mais um irmão meu que está em Lisboa, levaram-me numa cesta. Eu era pequenina. Lá o senhor doutor na Vide é que me lancetou e ainda tenho uma costura. De resto era um senhor no Piódão. Chamava-se senhor Arnaldo. Morava perto da Casa da Padaria. Numa casa ali à esquerda onde tem uma capelinha das almas. Ele morava ali. A gente quando era uma coisa qualquer, ia lá e ele receitava qualquer medicamento de ervas e tudo mais passava. Era melhor do que hoje os médicos que cá vêm. Que dão comprimidos, injecções. Ele era muito bom. Mas não era médico. Só dava assim coisas de ervanárias. Mas as pessoas curavam-se com aqueles medicamentos. E hoje a gente toma, toma e não se cura.
Eu até sofria muito da garganta, das anginas. Ele deu-me umas ervas que a minha mãe até ia apanhar. Cozia, tomava aquele chá, para bochechar na garganta. Passava-me logo. Para as dores de barriga diziam que era raízes de morangos e barba de milho. Em chá. A gente lavava-a bem lavadinha, raspava-a bem raspadinha, deixava-a cozer bem cozidinho com a barbela do milho e estando a água morna bebia-se. Fazia bem à dor de barriga. Era bom que passava.