Isso lendas e histórias cá da terra não sei a quase nenhuma. O Oliveirão, era o Oliveira Matos. Esse era muita ruim, esse homem. Onde ele chegasse a coisinha melhor que lá houvesse tinham que lha dar. E se alguém fosse para lá tirar alguma coisa, malhava-o logo, ou sacudia-o logo para trás. É tanto que esse homem depois para o matarem... ele vivia com uma irmã à entrada do povo para o lado de lá. E então ele todos os dias antes de se deitar ia dar uma volta adiante à Malhada a ver se estava alguém ou não. Depois um estava lá no campanário e outros estavam nuns bocados onde agora está a estrada, atrás de uns montes de estrume, tudo escondido. Quem ali acudiu mais foi a Guarda que estava em Pomares. Tinham um posto em Pomares e outro em Aldeia, por causa de quando cá cultivavam tabaco italiano, eles vinham à cata do tabaco. Assim que o viram a ir para a casa, para a cama, uns subiram para cima do telhado da casa e outros do outro lado de baixo e disseram assim:
- “Arranco-te Oliveira cá para fora!”
E ele disse:
- “Oh rentará ou não.”
Que ele, se o deixam fazia das dele. Enfiou então o capote na ponta da arma que era para eles atirarem ao capote e ele se safar ainda. Mas é que eles não foram todos malucos nem parvos. Tinham juízo. Atiraram uns ao capote mas ao depois quando o capote lhe caiu para o chão, os outros do outro lado é que o botaram logo abaixo é que o mataram então. Foi enterrado onde não se ouvisse cantar nem galos, nem galinhas. Foram-no enterrar detrás da capela. Depois quando aumentaram na capela ainda lá estavam os restos dele e ainda um anel. O anel não sei que é que dele fizeram. Acho que tiveram que o dar lá para a Câmara ou o que foi. Mas aquilo era assim naquele tempo. Não admira agora haver ruins, já existem do princípio do mundo que é para atentarem nos bons. Ele era mesmo natural dali de Chãs d'Égua.