As mulheres para se transformarem em bruxas também se põem em posição de voar e acho que também se esfregam. Depois que dizem assim:
- “Voa, voa por cima de toda a folha.”
Porque se disse “Voa, voa por baixo de toda a folha” isso já não. Eu já cheguei a ver daqui em baixo daquele bocado para o moinho, exercícios delas de noite. É mais à sexta-feira. Elas voavam de um lado para o outro, e do outro lado para o outro, a fazerem exercício de noite. O que elas fazem é umas luzes, assim a modo de um azuis, e às vezes até vermelhas. Põem as luzes da maneira que elas querem.
E depois aquilo tem também um fadário. Uma vez íamos em baixo para o moinho e já era assim um bocado tarde. Estava lá uma mulher, mas aquela mulher é claro, não era conhecida daqui. E depois a gente perguntou-lhe o que é que ela estava a fazer. Ela disse:
- “Estou à espera das que ainda hão-de vir.”
Estava à espera das que haviam de vir. Depois eu disse:
-Então e tão tarde?
- “Oh, quem tem homem a acalentar e meninos a acalentar de Elvas para aqui ainda não é muito tarde.”
Elas são muitas e bastantes. Outra vez fôramos ali a uma terra que fica ao fundo daquela Santa chamada o Chão Sobral, e então fôramos lá buscar um odre de azeite de noite. Também à meia-noite naquele tempo não deixavam passar nada de uma terra para a outra. Tiravam-lhe as coisas e ficava sem as coisas. Chegáramos além ao fragão, estava uma noite de trovoada, uma noite de Inverno. Estava uma mulher sentada em cima de um penedo e diz-me o meu pai:
- “Nem olhe para lá. Vamos embora.”
Lá viéramos embora e a mulher lá ficou. Era das mesmas, para ali estar àquela hora.