Antigamente havia muito mais gente, muita mocidade, muita gente jovem. Era totalmente diferente do que é hoje. Pronto, era uma aldeia cheia. Hoje praticamente quase não tem ninguém. Faziam-se aí uns bailaricos pelo Carnaval, faziam-se almoços. A terra por si era mais feia. Hoje está mais bonita. Mas havia muito mais mocidade, havia tudo do que há hoje. Hoje vamos por aí acima e sou capaz de passar na aldeia e não ver uma pessoa, e naquele tempo não. Havia muita juventude. Eu já conheço pessoas que quando vim para aqui que eram solteiras e que hoje já têm netos.
Quando cheguei já havia electricidade, já havia tudo. No tempo do meu marido é que não. A paisagem não quer dizer que fosse muito mais feia, mas era engraçado porque quando eu vim para cá ainda não existiam máquinas de lavar roupa e quem não tinha um tanque em casa ia lavar à ribeira. Cada um tinha a sua pedra ou então marcavam a pedra. Hoje já ninguém vai lavar à ribeira porque tudo tem uma máquina de lavar.
Outros tinham uma tabuazinha com uns recortes, lavava-se nessas tábuas, com uma joelheira. E assim é que se lavava a roupa. Punham a roupa a corar na relva e era assim que se lavava. Hoje já ninguém vai lavar à ribeira. Tudo tem máquina de lavar. Tudo modificou. Era engraçado ver as pessoas irem para a ribeira com a bacia à cabeça e a joelheira debaixo do braço, mas isso tudo acabou. E ainda bem, Graças a Deus.
Muita gente tinha gado. Havia aí pela rua acima, pela rua abaixo. Hoje já não há ninguém que tenha gado. Muitas pessoas criavam o porco. Chegava-se ao fim do ano matava-se o porco. Hoje já ninguém mata. Hoje fazem-se as festas, fazem-se os bailes, tem que se contar com as pessoas de fora porque aqui a mocidade é pouca e só tem praticamente os velhos. Mas eu prefiro hoje do que preferia antigamente. Hoje gosto mais.