Quando era criança usava uns tamanquitos de madeira. De Verão e de Inverno.
Andei na escola. Era na Coucedeira. A pé era aí uns três quartos de hora. Andei lá pouco tempo. Só fiz a segunda classe. Nem cheguei a passar o livro todo da segunda classe, tive que sair porque fui trabalhar. Lembro-me do professor. Era António Santos. Ele dava reguadas! Era mesmo malandro. Para ele tudo era mal. Vinha lá com a palmatória.
- “Oupa! Estende lá a mão!”
E outras vezes era com uma vara. Porque ele tinha lá muitas roseiras dessas que botavam a haste grande. E depois, quando era no tempo, ele cortava lá as roseiras e punha-as a secar, em cima de uma latada que lá tinha, duma parreira de videira. Ele, por vezes, nem se levantava da cadeira. Agarrava na vara, oupa! Era onde apanhava. Mas nós, às vezes, também éramos malandros. Quando ele saía, que ele trazia lá sempre pessoal a tratar da fazenda que tinha, a gente largávamos, íamos às varas, estalávamos tudo. E ele, por vezes, agarrava nas varas para nos dar, caíam-lhe era em cima dele partidas.
- “Quem foi o malandro? Quem foi?”
E nós, nada.