Resineiro

Depois fui para a resina. Andei lá 17 anos.

A resina, a gente primeiro “desencarrascava”. É tirar aquela casca de fora do pinheiro. Mas não toda! Era só tirar a pelezinha do entre casca. E depois metia a gente as latitas. Dizia a gente que eram as bicas. E depois renovava com um ferrozito, iam os púcaros estando cheios e colhíamos para uma lata. Demora 15 dias para o púcaro ficar cheio. A resina usava-se para muita coisa. Para alcatrões e para outras coisas que eles utilizavam. Ia vender resina para Arganil. Agora a fábrica até já fechou. Vinham-na eles aqui carregar. Ia em bidões. Primeiro eram barricas de madeira. Depois já eram bidões de folha. Cada bidão levava 200 quilos. Era preciso mais ou menos 200 pinheiros para encher um bidão. No Verão era quando dava mais resina porque era o tempo mais quente. A resina não gosta de frio. De Inverno, não corre a resina.

Os pinhais, uns eram nossos, outros eram de vários. Pagávamos 30 escudos ao proprietário por pinheiro.

Tenho cédula de resineiro. Foi a própria fábrica, a Socer, que a fez. Só metia as fotografias e depois veio o cartão. Era de Santa Comba. Gostei de ser resineiro.