No Inverno a gente entretinha-se no campo. Cavava oliveiras e assim. A gente apanhava a azeitona e ia levar ao lagar aqui na Foz d'Égua. Levávamos as azeitonas às costas, também não havia estrada. Íamos lá levar, ao pé da ribeira. É onde está a represa, lá é que era o lagar. Havia outro no Piódão mas tudo acabou.
Levava-se a azeitona para o lagar, depois lá era triturada e dava o azeite. A azeitona só dava azeite com o caroço e com a casca. Depois aquilo mói-se, anda lá uma hora, três ou quatro e depois tira-se de baixo para cima. Mete-se numas seiras. Depois vai para a tarefa e com água quente a ferver ali está. A tarefa é do género de um pote. Aquilo tem um pote, um por baixo outro por cima, depois vai-se deitando água para o azeite vir para cima. Por baixo fica água e o azeite vem todo para cima. Depois dali é que se mede o azeite para as pessoas. Ao fim, dali tira-se também azeite para pagar. Em cada dez, um litro era para o dono. Era a forma de se pagar. Uma vez deu 102 litros, ou qualquer coisa. Depende, há anos que dá mais, outros dá menos. Agora paga-se mas antigamente não. Ao fim já arranjaram outras modernices. Antigamente, era com uma candeia do próprio azeite. Ultimamente era com luz, já se tinha que pagar a luz. Agora tem de ir de carro, ali para os lados de Oliveira, para os lados de Arganil. A gente ainda apanha e ainda vamos moer. Temos é de ir lá para longe, para a Bobadela.