Tive sempre professoras. Das primeiras já não me recorda. Mas tive uma que casou ali no Piódão. Essa foi a que esteve mais tempo lá. Até ensinava bem. A gente é que, às vezes, éramos cábulas, não aprendíamos. Se fosse agora aprendíamos melhor.
Escrevíamos numa pedra. Havia pedras a vender nas lojas no Piódão. Não me recordo quanto é que custava mas havia pedras e cadernos a vender e a gente comprava.
Não me lembro de me portar mal mas os outros é que podem julgar a gente. Na altura era permitido bater. Quando fazíamos redacções e dava erros, cada erro sua reguada. O que eu gostava mais era de Ciências e História. Quando acabava a escola se ainda fosse cedo, ainda fazíamos qualquer coisa, guardar as cabras ou assim. Se não fosse, fazíamos trabalhos quando marcava para fazermos em casa. Às vezes, nem os fazíamos. Depois chegávamos à escola, quando era para fazer a numeração romana a professora dizia:
- “Façam a numeração romana para casa até 2000 ou até 3000. ”
A gente depois era na brincadeira não fazia. Quando era à noite é que íamos fazer. Depois era de dez em dez, sempre a aviar. Chegava lá, ela via, punha-se atenta, via, pumba. Às vezes, ao fim-de-semana, não fazíamos e depois tínhamos que fazer tudo num dia.