Antigamente era uma vida rude. A gente queria ir para o Piódão, queria ir para Vide, queria ir para Arganil tinha que se ir a pé. Ou então, para ir para Arganil tinha que se ir apanhar uma camioneta que havia em Pomares, que se demorava daqui umas três horas a pé para Pomares. E hoje não. Hoje toda a gente tem o seu automóvel, toda a gente anda de carro. Só cultiva umas batatitas ou uns feijões, assim uns mimos para se ter porque não há aqui praça todos os dias. Todas as semanas vou a Oliveira fazer compras, a minha mulher vai arranjar o cabelo, mas não há para o dia-a-dia. Então a gente tem que ter umas alfaces, umas couves, pronto. Dantes tinha que se trabalhar de dia e de noite para se poder arranjar a sobrevivência, para se poder cultivar o milho, as batatas porque só se vivia daquilo, só se comia daquilo. O porco para ter alguma carnita, às vezes já se comia assim meia amarela de estar lá no sal. Portanto, não tem comparação possível de um tempo para o outro.
Aqui só havia pessoas a trabalhar na agricultura. Costureiras eram todas as mulheres porque tinham que fazer as suas roupas. Compravam pano na feira da Vide e faziam as suas roupinhas. Tinham máquinas em casa e faziam a sua roupa e para os filhos. Não havia pão aqui na aldeia. Cada um cozia a broa, uma vez por semana, e havia pão para toda a semana e quando havia. Às vezes acabava-se e só havia sopa para comer.
Antigamente todas as pessoas iam buscar água à fonte. Por acaso, o meu pai, ia buscar a uma fonte que há por baixo da casa, que até é minha. A gente de manhã pegava na toalha e íamos lá lavar, à fonte. Era assim. Porque agora é que temos o abastecimento de água. Vem água lá da Senhora do Colcorinho, de pé de uma estrada que há lá por cima. Vem por a conduta por ali abaixo. Temos a fonte do Santo António. A água pode-se beber, mas é mais para regas e tudo.