A matança do porco era um dia de festa. Não se fazia nada, só se matava o porco. Abria-se o porco e depois era beber e comer todo o dia. Não havia mais nada para ninguém. Às vezes, até se costumava matar ao domingo. É o dia do Senhor. Era um dia para se descansar. Então a gente matava ao domingo para estar todo o dia a comer.
Do porco fazia-se várias coisas. Enchidos e depois os presuntos iam para a salmoira. Por baixo punha uma camada de sal, ia pondo carne por cima e punha mais uma camada de sal. A gente punha os presuntos e carne. Era assim que a gente conservava a carne. Agora são frigoríficos, é essa coisa. Está bem, isto tem que evoluir.
Tratávamos deles... Tínhamos muita terra para cultivar hortaliça. Eu mesmo trabalhei muito quando cá estive. Às vezes, até ia de noite ao mato e tudo. De manhãzinha às cinco horas, quatro horas da manhã já o meu pai me estava a chamar para irmos para o mato. Eu, às vezes, no Inverno geladinho. Tínhamos que fazer uma fogueira para aquecer as mãos. Era difícil roçar o mato porque estava muito frio.