Da escola lembro-me que levava muita porrada. Dava muitos erros. A gente quando estava na escola estava sempre com medo. A fazer por exemplo um ditado, estava com medo porque dou um erro levo uma reguada ou duas. E quanto mais medo a gente tinha, mais erros dava. Se fosse como agora que as professoras não podem bater nas crianças a gente até aprendia mais. Mesmo assim, tenho a quarta classe e já é bom. Sei escrever bem e já escrevi para vários lados.
As professoras aplicavam uma cana grande para bater na cabeça. Quando a gente não fazia bem o problema, pimba! Eram muito brutas as professoras.
Um ano quiseram que a gente fosse para o Chãs d´Égua. Fomos para Chãs d´Égua e a professora queria que a gente levasse todos os dias leite. As cabras não davam leite a gente íamos sem leite. Ela chegava dava uma carga de porrada e mandava-nos embora. Isso para nós era uma alegria não ir à escola. A gente não gostava nada de ir para a escola porque batiam muito e era muito cansativo. Agora as coisas estão melhores.
Andava bem. Andava contente. Eu até fugia da escola para vir guardar as cabras que era muito importante. Ninguém fazia isso. Fazia erros no ditado a professora dava uma carga de porrada, mandava a gente embora. Era o que a gente queria para vir guardar as cabras ao pai. Nunca vi lobos, nem nunca tinha medo dos lobos. Naquela altura quando eu era pequenino não havia lobos. Só quando o meu pai era pequenino é que havia. O meu pai disse que a primeira vez que viu um lobo, levou-lhe logo um cabrito. E foi o cabrito melhor, não foi apanhar o cabrito mais ou menos, foi o melhor. Mas eu nunca vi lobos. Uma vez fui ao jardim zoológico mais o meu irmão para ver os animais e não vimos os lobos.