A água também era um problema. Quando era preciso tinha que se ir às fontes com o cântaro. Se, por exemplo, era preciso fazer um chá e a pessoa não tinha água, imaginemos lá para a meia-noite, tinha que ir à fonte para ir buscar água para fazer o chá. Quem diz à meia-noite diz às duas ou três horas da manhã. Sentiu-se mal:
-“Olhe vou fazer um chá.”
Mas não tem água no caldeiro. Tem que ir buscar à fonte. Havia aqueles caldeiros que faziam os latoeiros.
Juntavam-se as mulheres e iam lavar à ribeira. Até na ribeira juntava-se mais que uma, porque antigamente havia muita gente. As mulheres vinham à ribeira lavar depois tinham que levar a roupa para porem no arame para estenderem, tal qual como a gente agora faz. A gente agora não tem trabalho nenhum. É pôr na máquina, tira da máquina, põe no arame, “está a andar”. Antigamente as mulheres levavam muito trabalho.
O lavadouro era para as mulheres irem lavar também. Umas iam para a ribeira, outras lavavam no lavadouro. O lavadouro já foi... Quando eu era miúdo ainda lá não havia. Iam para a ribeira lavar. Fizeram mais tarde. Punham uma pedra num poço e esfregavam ali a roupa na pedra. E era só sabão. Não se punha detergentes nem aquelas coisas que se agora põe, Skip. Não havia nada dessas coisas. Sabão e já havia lixívia. Antigamente era uma carga de trabalhos, mas a gente sentia-se bem. Não havia barrigas assim como eu tenho agora. Não havia nada porque a gente movimentava-se muito.