Hoje em dia no Soito da Ruiva vivem cá cerca de 17 pessoas efectivas. Os outros são de outras aldeias que vêm de vez em quando aqui e depois vão embora outra vez. Para a quantidade de pessoas que havia antigamente, hoje há muito poucas. As pessoas foram-se embora. Hoje em dia, todas as semanas vem cá o peixeiro e quem quiser comprar vai. A gente, às vezes, sai e vai a Arganil ou a Oliveira. Mas vamos mais frequentemente por causa das urgências. Quando uma pessoa se sente mal e precisa tem de ir a Arganil. Actualmente, as coisas são diferentes. Há estradas mas mesmo assim os autocarros não vêm cá. Temos que subir e apanhar lá em cima a carreira que vem do Piódão. Quem não tem carro tem de ir a pé ou pode chamar um táxi, mas fica caro. Antigamente alugava-se um carro e quando estavam parados não contavam, mas agora contam. É um dinheirão que se gasta. Hoje coxeio e não posso ir à fazenda como antigamente. Aqui pertinho ainda há uns quintais que cultivo. Mas as minhas terras já não são cultivadas. Agora estão em relva. Tudo o que consumimos em casa já é comprado. Ainda temos algumas batatas mas foram cavadas pela minha esposa. Com a minha saúde não posso ajudá-la. Costumo juntar-me no largo com os vizinhos, vamos para o sol e conversámos. Uns dizem uma coisa, outras dizem outra. Tenho que teimar a caminhar por causa da minha doença.