Naquele tempo não havia padre todas as semanas. Ele estava sempre em Pomares e só vinha se o mandassem vir. Lá em Pomares, ele tinha uma data de irmãs que governavam aquilo. A sobrinha do padre é que dava catequese. Não sei se ainda é viva ou não mas era bonita. Tinha uma cara que aquilo... Era bonita, mas para bater era muito má. Ela vivia para os lados de Oliveira. Uma vez lembro-me que o padre deu-me com uma cana de vieira na cabeça. Ele estava a perguntar como é que se chamavam as nossas mães. E o pequeno respondeu: - “É Ana Frade.” E ele não entendia e perguntava: - “O quê? Ana Frade.” Não queria dizer o verdadeiro nome então disse que era Ana Frade. O padre gaguejava: - “O quê? Ana Frade.” A gente, ainda miúdos, achou-lhe tanta graça que começamos a rir sem parar. O padre de tanto ver a gente a rir, veio lá com uma cana e deu-me com ela na cabeça! Íamos todos os dias a pé daqui para Pomares para aprender a doutrina. Fui fazer a minha Primeira Comunhão em Vale de Maceira. Naquele tempo, os rapazes usavam uma faixa branca com uma cruz a diante e outra atrás. Eram os meninos da cruzada. As raparigas iam vestidas de azul. A Comunhão Solene era em Pomares e para gente mais instruída. Não cheguei a fazer o Crisma. O meu neto, esse já o fez, mas eu não.