O dia da cobra é um dia em que ninguém vai ao mato. A gente dizia:
- Vai ao mato.
Ir ao mato é ir roçar, cortar um bocado de mato, atá-lo com uma corda e transportá-lo às costas para a porta do curral do gado.
Não sei se é o dia 1, se é o 3 de Maio, esse dia é que é o dia da cobra, e não se ia ao mato, nem à lenha porque vinham as cobras para casa. E há aí casos que contavam, eu nunca vi, comigo nunca aconteceu porque também não sei como a minha mãe era muito religiosa respeitava estas coisas. Havia aí pessoas que diziam que iam ao mato nesse dia, chegavam à porta do curral ou da palheira e vinha uma cobra ou duas dentro do mato. É verdade. Eu tinha aqui uma senhora que era minha comadre que dizia-me ela uma vez:
- “Ó compadre isto eram três cobras. E eu agarrei num pau bati e não consegui matá-las. Elas fugiram.”
Não sei lá o que é que se passou. Nesse dia respeitávamos isso, ninguém ia à lenha nem ao mato. Às vezes, lá ia um ou outro mais atrevido mas muito pouco ou nada.