Na noite de São João queimavam o gato. Era uma paródia para todos. Arranjava-se um pau muito comprido e púnhamos ao pé da escola. Faziam uma cova para pôr o pau espetado na terra. Depois íamos à procura dos gatos. Enchíamos o cântaro de palha e enfiavam-no lá em cima no pau em cima com uma corda. Os que caçavam o gato vinham todos esgadanhados. Depois agarravam no gato e metiam-no dentro do cântaro. Levantavam o pau e puxavam o cântaro lá para cima. Depois botavam o lume à ponta de uma corda agarrada à palha. O cântaro rebentava e o gato vinha para baixo de umas alturas! Coitaditos dos gatos, alguns morriam. Outros, que ainda caminhavam, fugiam. Mas nunca eram queimados. O lume era para aquecer e os gatos ficarem com medo. Era uma tradição que se fazia todos os anos, já desde o tempo dos meus pais. Todos iam lá para ver, gostavam quando viam cair o gato. Era uma risada. Depois do jogo do gato, a festa do São João acabava porque já era muito, dava um trabalhão!