Quando era mais pequena ainda havia crianças na aldeia, mas eu nunca fui assim de andar muito pelo povo a brincar. Estava mais por casa, mais sozinha. Às vezes, fazíamos nos caminhos em baixo um jogo que era riscado no chão. Fazíamos uns riscos no chão, que se entrecruzavam. Depois púnhamos uma pedrinha e saltávamos por cima, para onde não havia. Era o jogo da semana. No tempo da Quaresma, íamos ali para ao pé da casa da minha prima Isilda. Havia a barroca, que não era tapada como agora, estava destapadinha, descoberta. Depois punham-se assim à roda e viravam o cântaro de uns para os outros, a jogar ao jogo do cântaro. Era uma carreira de gente à volta e depois botavam de uns para os outros. Quando caía no chão partia-se. Quem nos dava os cântaros eram as pessoas idosas que já os tinham partido. Já não seguravam a água ou estavam picados, por isso davam-nos aquelas panelitas. E era uma paródia, uma brincadeira. Quando íamos para a escola, ainda era um ranchinho. Da minha idade, mais ano, menos ano, ainda era um ranchinho que ia para a escola para o Sobral Magro. Tínhamos que ir para lá a pé daqui para baixo todos os dias. Era perto de uma horita. Andei lá três anitos. Ainda custou um bocado. Saíamos de manhã para entrar às 8 horas e depois, à noite, saíamos às 5 horas, mais ou menos, e vínhamos outra vez a pé para cima. A gente, às vezes, também se demorava uns com os outros a brincar e chegava-se a casa já de noite. Quando voltávamos, já se estava só a descansar ou a fazer os trabalhos da escola, que a gente trazia para fazer.