As badaladas da Torre da Paz foi um senhor, por sinal era muito meu amigo, que era o doutor Mário Matias, que foi gente grande, naquele tempo. Era secretário do Ministério do Interior e tinha um irmão que era embaixador, já morreram os dois. Esse senhor é que se lembrou de fazer a torre de Salazar, naquele tempo era a Torre de Salazar. Deu-lhe aquele nome, foi com a ideia de angariar mais fundos, como o Salazar naquele tempo era o senhor.
Conseguiu fazer-lhe aquela torrezita, lá arranjou o relógio que ainda hoje é bom e fez-se a torre. As badaladas foi ele que se lembrou. Mandou fazer o relógio naquele período em que a guerra estava a terminar, já estavam tratar do armistício. Era para dar 1620 badaladas que eram tantas como quantos dias durou a guerra, só que ele não chegou bem a dar o que ele queria porque não tinha altura suficiente.
Aquilo tem um dispositivo que tem 365 dentes, passa um dente cada dia. Chega àquele dia e aquilo dispara e começa, e enquanto houver corda ele dá as badaladas todas. Não dá as 1620 mas aproxima-se. Seguidas. O relógio vai andando e sempre falha um bocadinho e então há um rapaz que prende aquilo e quando chega ali às três horas que foi à hora que foi proclamada a paz, aquilo dispara. Enquanto tiver corda dispara as 1620 badaladas.