A casa onde nasci era um palheiro, lá em cima, chegada “acimeira”. Agora já existe uma casa mais ao cimo que primeiro, quando a gente se criou, não estava lá. A nossa era a última casa. Era pequena, mas a gente criou-se lá. Ainda havia aí casas piores. Tinha só dois quartos e pequenitos. Era ampla, não tinha nada por cima, não tinha um sótão, não tinha nada. Era assim só com as lajes e os barrotes à mostra. A gente criou-se lá, mas não éramos só nós. Era quase tudo assim! Que eu lembra-me de cá só estar a capela com telha. E, ao fim, a primeira casa que cá puseram com telha foi lá em baixo ao fundo. Ainda eu ajudei a acartar a pedra para lá. Depois começaram a desenvolver-se outras. Em vendo uma, aos outros já lhes metia cobiça! E o dinheiro, também já entrava mais. Já começava a haver mais empregos por Lisboa. E era assim, mas cá foi um bocado difícil.