A castanha, a gente apanhava-a e comia-a de muita maneira. Fazia muita coisa. Primeiro, a gente ia apanhá-las ainda verdes, esfolávamo-las, tirávamos um bocadinho da casca e cozíamo-las nas panelas só com água. As que tinham casca coziam-nas assim simples. Em estando cozidas, já sai tudo: a gente tinha o trabalho de tirar a casca e depois comia-se. Eram boas. Outras, secavam-nas, era pilada - diziam que era pilada - e muita gente comia assim. Pisavam-nas com os tamancos, com os pés, em cestos para sair a casca. Ali no museu até está um cesto desses, onde as pisavam. As cascas saíam todas! Umas castanhas ficavam limpinhas que até pareciam plumas, muito branquinhas. E com essas é que se faziam muitos pratos, é que podíamos cozê-las com outra coisa. Umas coziam-nas com arroz, outras faziam-se sopa. Faziam-se de muita maneira e com muita qualidade. Tínhamos castanhas ao longo do ano todo, porque as guardávamos. Só vinham naquela época, mas depois as guardávamos, porque eram muitas. Toda a gente cá tinha muita castanha e aquilo era o governo para todo o ano. As pessoas daqui não eram só com o conduto dos legumes que se governavam. Tinham a couve da lavrança, feijão, milho, mas também os frutos como as castanhas...